CAIRO E LUXOR- ROTEIRO DE 5 DIAS

        Hoje o Memória Viajante conta com a participação da nossa amiga Ane de Mira. Ela e o marido, o Jones, estão fazendo uma viagem incrível pelo Egito, Israel, Palestina, Jordânia e Índia. Nesse posta aqui, ela nos dá o seu relato sobre Cairo e Luxor. Vale a pena curtir as dicas. Obrigada, querida Ane!

         ” Vindos de Istambul, nossa viagem na terra dos faraós iniciou-se por sua capital atual, Cairo. Organizamos a estadia antecipadamente com reservas feitas pelo Booking (lembre-se que você pode reservar o booking aqui pelo Memória Viajante sem pagar nada a mais por isso. Basta clicar nesse banner aqui abaixo).



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           Ficamos próximos à Praça Tahir (foto ao lado), famosa pelas manifestações que deram origem à revolução conhecida por Primavera Árabe. Com forte participação da juventude e organizada principalmente por meio das redes sociais, resultou na deposição do então presidente ditador Mubarak.

         Vale a pena apreciar o local e já ir ao Museu Egípcio, em frente. Apreciar todo o acervo do museu requer mais de um dia. Ficamos em torno de 2h e conseguimos ver o principal, como sarcófagos, artefatos de uso cotidiano, a máscara de Tutankamon e estátuas.

Foto: Museu do Cairo.

       O museu pode parecer um tanto bagunçado para os padrões ocidentais, mas na verdade tem-se a impressão de estar em plena escavação arqueológica. O próprio prédio já inspira esse clima e as peças estão ordenadas por dinastias e tipos. Quanto mais cedo se fizer a visita, melhor. Próximo ao meio dia, há uma verdadeira invasão de turistas e fica quase impossível realmente apreciar os objetos e fotografar com precisão. Detalhe importante é que fotos com celular são permitidas, mas para equipamento mais sofisticado, como máquinas fotográficas e tripés, há um valor em separado. Como é muito caro e os celulares atuais dão conta de boas fotos, optamos por deixar nosso equipamento em um locker do próprio museu. Não há valor fixo para guardar o material, dá-se uma gorjeta a critério do visitante. Outro ponto importante é que há ticket que deve ser pago à parte para visitar o espaço das múmias.

Foto: Cidade do Cairo.

          À noite, todas as lojas estão abertas e as ruas fervem de movimento. Vale a pena caminhar e observar as pessoas entrando e saindo das lojas de roupas cheias de sacolas. Os homens geralmente esperam do lado de fora com os filhos pequenos, enquanto as mulheres fazem as compras. A pedida de um lanche é o shoarma, encontrado em todas as ruas. Aproveitamos para fazer um cruzeiro pelo Rio Nilo, com jantar e show de dança do ventre. Valeu muito a pena. Tudo negociado com o atendente do hotel assim que chegamos no Cairo.

         O passeio às pirâmides de Gizé e Sakara também pode ser combinado diretamente no hotel. Todos oferecem o serviço com motorista e guia em vários idiomas. Pedimos em espanhol, pois é o segundo idioma estrangeiro falado no Egito, depois do inglês. Paga-se em torno de 40 dólares pelo passeio das 9h às 16h. Buscam no hotel, fazem todas as visitas em carro particular e levam ao hotel no final. É o melhor jeito de conhecer a Cairo antiga, pois o trânsito é caótico, não dá para entender as linhas de ônibus que são muito precários. Além disso, nenhum transporte público leva até às pirâmides ou até Sakara. Trata-se de um parque tombado e é necessário comprar as entradas para ter direito à visitação. Ter um guia também ajuda muito na hora de ter mil egípcios oferecendo serviços e camelos, gritando nos seus ouvidos e atravancando o caminho. O guia te garante uma certa tranquilidade nas visitações, afastando os ambulantes e te explicando sobre não tirar fotos com ninguém porque te cobram.

Foto: Passeio pelas pirâmides de Gizé.

Foto: Sakara.

          Gizé fica depois do outro lado do Rio Nilo. Cidade bastante populosa, faz parte da grande Cairo, mas tem vivenciado um crescimento desenfreado, devido à imigração e a população do resto do Egito que vem em busca de trabalho. Antigamente, era possível ver as pirâmides de longe, hoje os prédios de construções inacabadas tomaram conta da paisagem. A ida às pirâmides não é completa sem um belo passeio de camelo. Barganhar é a palavra de ordem no Egito, portanto, não se deve, nunca, fechar nenhum negócio com o primeiro valor informado. Faça cara de poucos amigos, diga que está muito caro, insista no desconto. Conseguimos dois camelos e um belo passeio por 35 dólares.

           No terceiro dia, passeamos por conta até o Bazar Khan el Khalili, caminhamos até o lindo parque de Al-Alzahar, construído sobre um antigo depósito de lixo. Um lugar esplêndido, com muitas árvores, gramado, fontes, parquinho para as crianças e restaurantes para todos os bolsos (lembrando que a comida no Egito é muito barata e come-se super bem). É possível caminhar pelas alamedas e ver as famílias, grupos de amigos e casais fazendo piqueniques. Os jovens, em particular, adoram tirar selfies com os ocidentais, então é muito bacana se dispor a aceitar seus convites para fotos. Adoram conversar e, mesmo alguns não falando inglês, tentam ao máximo uma boa comunicação por gestos e muitos sorrisos.

Foto: Praça Al-Azahar.

           Depois do parque, seguimos a pé para a Ciudadela Saladino, onde fica a famosa Mesquita de Mohamed-Ali (qualquer egípcio sabe a história dele de cor e vai ter um enorme prazer em contá-la, bebendo um chá de menta). Paga-se uma média de 80 libras egípcias pela entrada. Depois dali, acertamos com um motorista de nos levar à Cidade do Lixo, como é conhecida a vila onde vivem em média 30 mil zabbalens, famílias que sobrevivem da coleta e separação do lixo produzido no Cairo. Ali, além do amontoado de pequenos prédios que agregam comércio, cooperativas de catadores, criação de animais e lixo, muito lixo, fica uma das mais expressivas igrejas ortodoxas coptas do Egito. Construída em uma caverna, harmoniza-se com o ambiente e permite que sua liturgia ecoa por todos os lados na comunidade zabbalen. 93% das pessoas ali são cristãs coptas, o que também garante um espírito de solidariedade e união que pode ser observado no trabalho desenvolvido em todos os lugares por ali.

Foto: Igreja Ortodoxa Copta.

          À noite, um motorista, já reservado anteriormente no hotel, nos levou até a estação de trem, onde embarcamos para Luxor, em uma viagem de quase 12 horas. A passagem pode ser comprada pela internet com bastante antecedência. São cabines chamadas sleeping. Pegamos uma com 2 camas. É bastante confortável, com uma pequena pia, toalhas de rosto e sabonetes. Além de um cabideiro para bolsas e casacos. Quando se entra na cabine, encontram-se duas poltronas, que viram camas após o jantar. As duas refeições, jantar e café da manhã, são incluídas e pode-se optar por peixe ou frango já na compra da passagem, pela internet. Após o jantar, vem um dos atendentes organizar as camas. São mesmo confortáveis, com bons travesseiros e cobertores. Nós dormimos a noite toda. Indo de trem, economiza-se uma noite de hotel, além das refeições. Para duas pessoas, paga-se uma média de 600 reais. Muito mais em conta do que a passagem de avião.

          No hotel mesmo do Cairo, havíamos deixado combinado nosso passeio às tumbas e templos em Luxor, pois chegaríamos cedo, bem descansados e com o checking no hotel podendo ser feito somente às 14h. Portanto, uma boa pedida é deixar a bagagem em um locker no hotel, sem custos, e já sair para o passeio de dia inteiro. Foi o que fizemos.

          O guia em espanhol nos apanhou às 9h no saguão do hotel (Iberotel, super recomendamos, pois é excelente e bem em conta). Fomos primeiro em direção às tumbas no Vale dos Reis. O ticket básico custa 120 libras egípcias e dá direito a entrar em 3 tumbas, sendo que a última ser visitada é a mais bem conservada, de Ramsés IV. Os desenhos nas paredes estão em ótimo estado. Sendo possível também observar as inscrições coptas na entrada, à direita, de um tempo em que os cristãos usaram as tumbas para se refugiarem da perseguição romana.

           A tumba de Tutankamon e de Ramsés II (foto ao lado) pagas à parte e não têm nada de diferente das outras, por isso não as visitamos. Vale ressaltar que é proibido, pela UNESCO, tirar fotos no interior das tumbas, mesmo com celular e sem fash. Porém, ávidos por uns trocados, os seguranças já chegam perguntando se o visitante quer tirar fotos, negociam um valor e deixam o povo se esbaldar nos registros. Por consciência do que significa enquanto patrimônio histórico, não aceitamos a oferta e não fizemos registros do interior das tumbas. Também visitamos o Templo de Hatshepsut, com uma bela história que merece um post à parte.

 

Foto: Templo de Hatchepsut.

          Nosso guia nos levou a um ótimo restaurante para almoçarmos antes de irmos aos templos, do outro lado do Rio Nilo. A refeição completa, com sopa, pães, salada, frango ou peixe com arroz e legumes cozidos, mais um prato de frutas frescas sai em torno de 80 libras egípcias.

          Foi, então, o momento de conhecermos os lindos templos de Luxor e Karnak. Em cada um dos lugares em que estivemos, tumbas e templos, ter um guia falando espanhol somente para nós, oportunizou-nos uma verdadeira aula de história e cultura, recheadas com lindas lendas da mitologia egípcia.

Fotos: Templo de Karnak.

           À noite, aproveitamos para descansar. No dia seguinte, após um ótimo café da manhã, iniciamos nosso passeio a pé para conhecermos e interagirmos com o povo local. Foi aí que, mesmo contra alguns egípcios, fomos ao mercado popular, que não é organizado para o turismo, mas para atender ao povo de Luxor e arredores. Lá, sentimos os mais variados aromas, desde especiarias e perfumes até peixes, carnes expostas ao relento, galinhas e perus sendo vendidos vivos, pães e doces entre moscas, roupas simples penduradas em cabides, frutas e verduras com todo tipo de aparência, crianças brincando, homens com seus narguilés e mulheres com vestes tradicionais fazendo suas compras para casa.

          Também fomos ao Market Night, aí sim, preparado para encantar o turista. Vale a pena ir mais cedo, pois fica mais tranquilo negociar os valores. Qualquer produto, desde souviniers a tapetes, pode ser adquirido por um valor muito abaixo do pedido inicialmente. Por exemplo, compramos pachminas a 10 dólares, sendo que inicialmente nos foram pedidos 44 dólares. Eles adoram barganhar, contar histórias, tomar um chá, e dá para se divertir muito com esses jogos. Não se ofenda com a tentativa da negociação, faz parte da cultura de diversos países árabes e, no final, a gente sai com a sensação de que fez um ótimo negócio.

Foto:Market Night.

        Conselho: alabastro e papiros só em institutos e lojas onde é possível ver o trabalho sendo feito. Pois, o alabastro vendido em bancas nas ruas não é de boa qualidade e nem feito à mão, embora jurem que é. Já o papiro que não for vendido em lojas com certificação e institutos é de proveniência chinesa e feito de palha de milho.

        No dia seguinte, tomamos nosso café da manhã e fomos para o aeroporto de Luxor, tomar um voo em direção a Amã, com escala no Cairo. A Jordânia é nosso próximo destino.

Curiosidades:

– 1 dólar equivale a 17 libras egípcias (LE), também chamada de pound.

– Use muito hidratante e beba muita água. O nível de poluição é muito alto e agravado pelo clima seco. É comum oferecerem lenços de papel nos carros particulares e táxis.

– Em janeiro, a temperatura varia de 10 a 22, 25 graus. Em um mesmo dia. Portanto, roupas confortáveis e fáceis de serem tiradas ao longo do dia, além de calçados confortáveis e fáceis de limpar, pois o pó acaba com qualquer glamour.

– Evite roupas curtas, ombros de fora e transparências. O povo local é tradicional com as vestimentas, tratam muito bem os turistas, mas não tem porque ofender essa gente tão hospitaleira e que nos recebe tão bem.

– Para entrar em mesquitas, nada de bermudas. Mulheres devem cobrir a cabeça (um lenço já basta). Sempre tirar os calçados antes.

– Lemos muito sobre insetos, mas não vimos muitos e não usamos repelente, mesmo levando.

– Todos os lugares de grande movimentação, parques, museus, aeroportos, hotéis, exigem que se passe antes pelo detector de metais. Então, acostume-se a isso.

– Não espere internet de boa qualidade. Praticamente somente nos hotéis e péssima.

– Barganhar, barganhar e barganhar sempre.”

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