Roteiro pelos Pueblos Brancos- Espanha

Roteiro pelos Pueblos Brancos- Espanha

            Fazia tempo que os Pueblos Brancos faziam parte da nossa lista de lugares a serem visitados. Sempre que a gente lia alguma coisa sobre esse assunto, dava uma vontade incrível de passear por essa região da Andaluzia. Ao decidirmos viajar pela Espanha de motorhome surgiu a possibilidade de colocarmos em prática nosso desejo. Passamos quatro noites e três dias na região e conhecemos Pueblos Brancos cheios de história e charme. Contaremos aqui um pouco da nossa experiência.

            Saímos de Málaga, no litoral da Andaluzia e seguimos em direção a Ronda em uma estrada de pouco mais de 100 km. Pelo caminho, muitas oliveiras em paisagens tipicamente mediterrâneas.

            Antes de começarmos nosso relato, cabe ressaltar que os Pueblos Brancos compreendem um conjunto de cidades que tem como característica básica a cor branca da fachada das casas. Isso deve-se ao fato dessas cidades apresentarem altas temperaturas no verão e o branco, naquela época, ajudava a dar uma amenizada na situação. A grande maioria dos Pueblos Brancos está localizado na província de Cádiz.

            Era muito legal estar passeando pelas estradas e lá pelas tantas aparecia uma mancha branca contrastando com o verde da paisagem. Era o anúncio de que um Pueblo Branco estava em nosso caminho. Selecionamos alguns para conhecer pois depois de algumas visitas começa a ficar um pouco repetitivo o cenário e até a história do local.

             Importante salientar que é impossível conhecer bem a região se não estiver de veículo próprio. Alugar um carro ou motorhome aqui é fundamental para visitar os povoados mais distantes e se deliciar pelas estradas que por si só já valem a viagem. Por falar em estradas, elas estão em bom estado de conservação e não há pedágio em nenhum trecho. Único detalhe é para a subida da Serra da Grazalema que foi um sufoco e contaremos mais adiante.

            De modo bem resumido, nosso roteiro ficou assim:

DIA 1: Chegada em Ronda.

DIA 2: Ronda- Arriate- Setenil de las Bodegas

DIA 3: Olvera- Zahara de la Sierra- Grazalema- El Bosque

DIA 4: Arcos de La Frontera (somente pela manhã)

                        Dá também para fazer o inverso, começar por Arcos de La Frontera e terminar em Ronda. Para quem vem de Sevilha essa é a melhor opção.

* RONDA

            Chegamos em Ronda já no final do dia e aproveitamos para fazer compras no mercado e reabastecer a comida do nosso motorhome. Sentimos de cara a diferença de temperatura do litoral de Málaga para os 700 metros de altitude de Ronda.

            No dia seguinte, acordamos cedinho e fomos conhecer Ronda, a maior cidade dos Pueblos Brancos.  Iniciamos nosso percurso pegando um mapa no escritório de turismo que fica em frente a Plaza de Toros. Dali seguimos para conhecer a Ponte Nova, grande atrativo da cidade. Ronda está localizada no alto de uma montanha e é cortada por uma fenda enorme (o El Tajo) onde passa o Rio Guadalevín. É absurdamente incrível contemplar a paisagem pitoresca das casas “penduradas” sob o penhasco. A Ponte Nova liga as duas partes “cortadas” da cidade (a nova e a antiga). Uma arquitetura inacreditável!

            Depois de muitas fotos, iniciamos nossa caminhada sem muito rumo pelo Centro Histórico. Dentre muitos prédios históricos, destaque para a Porta de Felipe V e para a Igreja Santa María La Mayor. Ronda é romântica, charmosa e acolhedora. Em tempos mais antigos, muitos escritores se refugiaram aqui para escrever seus romances. Por isso uma grande placa sinalizada: Ronda dos Viajeros Românticos.

 

Fotos: Centro Histórico de Ronda.

Foto: Porta de Felipe V.

           Depois de caminharmos bastante pelas ruas do Centro Histórico fomos conhecer a melhor vista do El Tajo e da Ponte Nova. Para isso, tem que descer a trilha que inicia na Plaza María Auxiliadora. São cerca de 15 minutos de caminhada. O visual é recompensador.

             Voltamos para as proximidades da Ponte Nova e conferimos o artesanato nas muitas lojinhas da Praça Espanha, a principal da cidade. Ali na praça tem o restaurante 100 Montaditos, com cardápio e preços bem convidativos.

            Na parte nova da cidade, conhecemos um pouco das lojas da rua exclusiva para pedestres. Nos dirigimos até o tradicional Bar de Tapas Los Caracoles, onde almoçamos. O bar é pequeno e vive cheio. Todos os locais recomendam as tapas do Los Caracoles. O chopp e o tinto verano são as opções mais pedidas de bebidas. Entre as muitas opções de tapas, nos deliciamos com a de paella e pernil.

* SETENIL DE LA BODEGAS

               Após passarmos rapidamente por Arriate, chegamos a Setenil de Las Bodegas (distante apenas 18 km de Ronda). Estávamos curiosos por conhecer o povoado que é famoso mundialmente por abrigar as “cuevas” (casas construídas embaixo das rochas). Sem dúvida alguma, de todos os Pueblos Brancos, Setenil de Las Bodegas é o mais pitoresco.

                   Estacionamos o motorhome na parte mais alta da cidade. Prepare-se para subir e descer bastante, pois a cidade é bem desnivelada. Com pouco mais de 3000 habitantes, Setenil é pequena e em umas duas horas conhecemos bem o vilarejo. Com suas ruas muito estreitas (a gente nem acreditava quando os carros conseguiam passar) o melhor modo de conhecê-la é caminhando. Subimos até a Igreja Nossa Senhora da Encarnação de onde se tem uma vista panorâmica da paisagem. Fomos então descendo até chegarmos nas Cuevas de Sol. É realmente incrível ver muitas casas construídas embaixo das rochas. Parece que a qualquer momento as rochas irão soterrar algumas construções. Mas não. A população foi muito inteligente em perceber que a erosão natural das rochas gerou matéria prima para tetos e paredes. Sem contar que essas rochas funcionam como isolantes térmicos contra as mudanças de temperatura. Entramos em algumas casas e ficamos admirados. Hoje, muitas dessas construções transformaram-se em bares, lojas e restaurantes. Aproveitamos para comprar o tradicional queijo payoyo, produto típico dessa região do Pueblos Brancos. Feito com leite de cabra, o queijo é leve e saboroso.

* OLVERA

       Após uma noite bem tranquila de sono, acordamos e nos dirigimos para Olvera (distante uns 15km). Já no caminho pelas belas estradas da região, a gente vê o imponente Castelo da cidade. O Castelo e suas muralhas remontam a época em que o vilarejo era dominado pelos árabes. Ao lado dele está a Catedral Cristã em estilo neoclássico. Estacionamos fora da parte histórica (na parte baixa) e fomos subindo até lá. Pelo caminho a Sofia encontrou um parquinho onde se divertiu muito. Chama a atenção os detalhes dos vasos de flores em meio ao casario branco. Visitamos apenas a parte externa do Castelo e da Igreja de Olvera. Voltamos até o motorhome caminhando pelas ruas estreitas e um pouco confusas do vilarejo. Passamos pouco mais de duas horas por ali.

* ZAHARA DE LA SIERRA

            Pouco mais de 30 km separam Olvera de Zahara de la Sierra, próximo Pueblo Branco que decidimos visitar. Pela estrada passamos por mais alguns povoados branquinhos, mas ficamos somente com a vista da estrada. Chegando próximo a Zahara, a paisagem fica ainda mais bonita por causa de um imenso lago artificial, na verdade um grande reservatório de água chamado que Zahara El-Gastor. Você precisa atravessá-lo para chegar na aldeia.

            Com pouco mais de 1500 habitantes, Zahara de La Sierra foi eleita por nós como o Pueblo Branco mais bonito dentre os quais visitamos. Situado no alto de uma colina, com uma paisagem belíssima no seu entorno, Zahara transmite tranquilidade e paz para os que ali chegam. Deu uma vontade enorme de ficar por ali. As casas são lindas, os mirantes têm vistas espetaculares e o conjunto histórico, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, está muito bem preservado.

            O legal é passear pelas ruas desse remoto vilarejo curtindo a energia dali. Umas duas horas são o suficiente para conhecer tudo. Dentre os pontos mais interessantes estão o Castelo de origem moura, a Igreja Santa María de La Mesa (do século XVII), a Torre Do Relógio e a ponte de origem romana. Dá para fazer uma trilha e subir até o topo do castelo, mas como a Sofia estava dormindo no carrinho, dispensamos essa atração. Aproveitamos para comer uns doces típicos de nozes e amêndoas na Padaria La Panaera, na rua central de Zahara.

* GRAZALEMA

       

Fotos: Estrada até Grazalema.

          Para chegar no nosso próximo Pueblo do roteiro, sabíamos que enfrentaríamos uma serra pela frente, mas não tínhamos noção de como era a estrada. Lemos bastante sobre os precipícios da estrada  da Serra da Grazalema.  Mesmo preparados, ficamos  apavorados ao andar de motorhome por lá.  Entre Zahara e Grazalema estão 20 km de pura adrenalina. Contudo, foram talvez os 20km de vistas mais espetaculares que já vimos. A estrada passa pelo meio do Parque Nacional de Grazalema. É arrepiante a beleza natural desse lugar. A altitude por ali chega aos 1600 metros. Levamos mais de uma hora para percorrer a estrada. As vistas são inesquecíveis. Pelo caminho vimos alguns animais e um flora muito diversificada. Vale ressaltar: todo cuidado é pouco por aqui. Em dia de serração, nem pensar em se arriscar por essa estrada. Enfim, chegamos em Grazalema.

      Como todo os povoados que conhecemos até aqui, Grazalema é um encanto. Inclusive já recebeu um prêmio nacional pelo seu belo estado de conservação. Sua origem data da época em que os romanos dominavam a Península Ibérica. Posteriormente foi ocupada pelos árabes e reconquistada pelos reis cristãos.

      Estacionamos o motorhome no estacionamento público bem na entrada do vilarejo. Passeamos pelas ruas tranquilas de Grazalema aproveitando para sentir todo seu clima de interior. Entramos em algumas lojas onde degustamos queijo típicos da região. Na verdade, a gastronomia é um dos carros chefes daqui. Não encontramos nenhum restaurante aberto (era a hora da siesta), mas lemos muito sobre a Sopa de Grazalema, um cozido feito com pães, ovos e embutidos. Ficamos na vontade.

* EL BOSQUE

            Saímos de Grazalema antes do anoitecer, pois não sabíamos como seriam as condições do próximos 19 km que separam a cidade de El Bosque. Essa parte da estrada já foi bem mais tranquila. Chegamos em El Bosque no fim do dia. Estacionamos em uma rua toda pensada para motorhome e fomos passear pelo vilarejo. Depois de tantos Pueblos lindos ao longo do dia, El Bosque já se tornou um pouco repetitivo. Uma coisa que nos chamou a atenção foi a quantidade de pousadas do vilarejo. Conversando com os locais descobrimos que El Bosque é um povoado dormitório para quem vem se aventurar pelas trilhas e passeios do Parque Nacional. Ou seja, para quem curte o ecoturismo, essa região é um prato cheio.

* ARCOS DE LA FRONTERA

            Arcos de La Frontera foi o último Pueblo Branco que visitamos. Saímos cedo de El Bosque e percorremos 30 km até chegarmos no estacionamento público de Arcos de La Frontera. Caminhamos pelo seu Centro Histórico tentando nos guiar pelo mapa que pegamos no Escritório de Turismo (na Calle Custa de Belén). Eles indicam um roteiro para melhor conhecer a cidade, chamado Rota Monumental.

            Fomos então para a Plaza del Cabildo, principal do Centro Histórico. Ali estão a Basílica Menor de Santa María de la Assunción com arquitetura gótica e o Balcón de la Peña Nueva, que oferece vistas lindas dos arredores da cidade. É impressionante perceber que algumas casas estão realmente “penduradas” na montanha que forma Arcos.

Foto:  Basílica Menor de Santa María de la Assunción.

            Passeamos depois pelas ruas estritas e becos do vilarejo. Existem muitas construções do século XI, onde os árabes dominavam essa região. Como era cedo, as ruas estavam praticamente desertas. O único som era o da voz da Sofia cantando. Passamos pouco mais de uma hora e meia por ali.

            Enfim, esse foi nosso relato sobre nossa experiência nos Pueblos Brancos. Vocês podem perceber que não demos muitas dicas de locais para comer ou dormir, uma vez que fizemos essa viagem a bordo de um motorhome. Logo, comíamos quase sempre em nossa “casa”. Quer saber como foi essa viagem? Clica aqui.

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